sexta-feira, 6 de julho de 2012
Atenção alunos do 1º ano!!!!!
De tanto ouvir a mãe contar, a cena se tornou real na lembrança do menino: a égua tombada morta, e o pai, ensangüentado, erguendo o bebê do chão e o levando para casa no colo. O ano era 1913, e Jorge Amado tinha então dez meses. A imagem evoca a tocaia de que o pai do escritor foi vítima na época das lutas travadas pela posse de terras no sul da Bahia, durante o ciclo do cacau. Com essa descrição, tem início o livro de memórias da infância do escritor baiano.
Além do pai, João Amado de Faria, e da mãe, dona Eulália, Jorge Amado recorda aqui outros personagens que foram centrais em sua formação pessoal e de escritor: o tio Álvaro, modelo dos coronéis presentes em sua ficção; o padre Cabral, que o apresentou ao mundo dos livros e à beleza da língua portuguesa; e o caboclo Argemiro, que colocava o menino na sela e o levava a Pirangi nos dias de feira.
O escritor evoca também a liberdade das ruas e dos coqueirais de Ilhéus, lembra o período de “encarceramento” no colégio dos jesuítas e conta como conheceu as rodas de jogo e as casas de mulheres.
Além de rememorar sua formação de menino, Jorge Amado passa em revista elementos centrais de sua literatura: aponta o amor e a morte como os grandes temas de sua obra e posiciona-se distante de líderes e heróis, para declarar-se mais próximo dos mestres de saveiro, dos feirantes, dos capoeiristas, do povo do candomblé.
Assim como o menino grapiúna, o escritor não distingue lembrança e imaginação. Encharcadas de fabulação literária, as memórias de O menino grapiúna fazem a defesa da liberdade, da imaginação e do sonho, marcas principais da obra de Jorge Amado.
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